Thursday, January 04, 2007

Ouço essas letras

Esse blog é criado para os sons que ouço dos meus amigos, dos livros, das imagens, do mundo e do meu mundo!



"Só acredito num deus que saiba dançar!"
Friedrich Nietzsch

Pés



Nossos pés, nossa caminhada!

"Pés: o primeiro desafio
O equilíbrio do corpo começa nos pés, pois o trabalho básico do pé e do tornozelo é oferecer uma base confiável pela qual a parte superior do corpo possa se relacionar com o plano horizontal da terra. Só trazendo-se a paz "do solo para cima", os problemas da parte superior do corpo podem ser compreendidos."

Ida P. Rolfing

Só larga o sapato quem sabe andar descalço!
De toda a beleza de certos pés,
tenho aquela só minha que se planta no chão.
Parte a parte me estimulando a seguir
por qualquer estrada,
mesmo que áspera,
mesmo em diáspora,
mesmo dançando
só.

Maristela Trindade
(Terapeuta e preparadora Corporal)


Maristela Trindade



De que vale tentar reconstruir com palavras
O que o verão levou
Entre nuvens e risos
Junto com o jornal velho pelos ares

O sonho na boca, o incêndio na cama,
o apelo da noite
Agora são apenas esta
contração (este clarão)
do maxilar dentro do rosto.

A poesia é o presente.

Ferreira Gullar

outros



Acho bem fácil de imaginar que desde que surgiram os primeiros seres humanos na Terra, eles tenham se juntado a outros para satisfazerem necessidades que, sozinhos, teriam muito mais trabalho ou talvez nem conseguissem. Devem ter percebido rapidinho que teriam mais sucesso tanto para ajudar na caçada quanto para defender quando estivessem sendo caçados. Daí em diante o homem não pôde mais ser imaginado como totalmente só, parece que já nascem com tendências naturais à associação. “O homem é um ser social”, só se sustenta como tal quando em contato com outros. Por que então, eu deveria conseguir tudo por mim mesmo? Por que não contar com a ajuda dos outros? Fazemos de tudo pelos outros, eu corto meu cabelo parecido com os outros ou então eu corto para ficar com o cabelo bem diferente... dos outros! Nós somos os outros com um toque de nós mesmos, sendo que nós mesmos já estávamos impregnados pelos outros quando nos tornamos nós mesmos. E é nesse jogo de apropriação e recriação que evoluímos e transmitimos e recebemos e nos misturamos a cada momento transeunte. E eu que já entendi que nasci para e pelos outros, cansei de escutar que é “cada um por si”, e que o objetivo da vida é vencer os outros. Percebam que a união dos humanos é em prol do grupo, não tem porque UM querer sobrepujar os demais. Dizem que o homem pensa, mas quem pensa é o bicho, o homem trama! Eu não tenho nenhuma personalidade, sou um pouquinho de cada um que me atrai, adoro cópias imperfeitas e ando a vida atrás de mais influenciações para minha identidade que parece não ter fim. Eu sou só vida e morte. Eu sou os outros!
dudu pererê



obs: uma vez conheci um homem-formiga. Fui atrás, pela minha natureza-prima. Ele, mais atualizado, não faz laços com laços e nó.
Perpetua a construção, desconstruindo, reconstruindo, fluindo.
É adepto da positiva distração e então de súbito, provocará uma nova ação,
um movimento-carnaval pois a formiga não abandona, recria caminhadas, só parando, creio eu, pra reelaborar as passadas.
Por vezes o coletivo formiguês cai nas garras do detetizador.
E aí, naturalmente vai a formiga que, senão sobreviver no seu corpo,
existirá no outro.
Sorrindo! Sorrindo!
Sorrindo! Coletivo!
Coletivo-formiguês!

para dudu pererê e dan magrão mercúrio

"...O que acontece com ele começa a me ser íntimo: eu sou Isso que vejo. Eu sou um medo sem forma, sem explicação. Sou um detalhe, uma ponta fina, uma barbaridade, um arregalar de olhos. Sou o que não quero ver. Eu sou esse que teme. Que tem fome e humanidade. ..."

escultura Ed Sartori

texto-fragmento de Claúdia Calomeni
blog: www.inverdades.weblogger.terra.com.br