Wednesday, December 27, 2006

Thiago, Thiago Florêncio e Saboia

05 Março 2007


a nuvem agarra-se ao céu
como a garça ao vôo

como o pouso do sol no horizonte
agarra-se aos meus sonhos

ou o amor ao suor
agarram-se meus dentes
ao seu cheiro

como agarra-se a mão aberta
sem garras
ao vento forte

eu

procuro sempre agarrar-me ao
que escorre
e nunca fica

feito o mar espumante de esperma
agarra-se à menstruação da lua em eclipse

eu agarro-me errante
àquilo que nunca se abraça

o tempo instante
feito a careca deslizante do mar
sem cabelos pra se agarrar

pois justamente
agarrar o mar
é o ofício mais fascinante

como deslizar distraído e escorregadio
entre
o atrito convulsivo

da multidão em rush

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02 Dezembro 2006

para arrancar o coração do poste

foto de João Saboia - o inversor de enquadraturas, na esquina do São Clemente com a vila 107 - Botafogo de passagem e profundeza


para arrancar o coração do poste
um corte no meio
um grito na hora
para arrancar o coração do poste
nada de apostas
nada de pós
para arrancar o coração
para
desembalar
desembrulhar
o coração do poste
nada de pose nada de pop-stars
basta um pouco de bicho
de bucha cão
mais que ser
estar
assim se perceberá
quanta luz fria
ai deus meu quanto
iluminismo barato
atravessa o coração
de cada um de nós
para transar o coração do poste
para transar o coração à mostra
que palpita fora da cápsula contida nos corredores da morte
muita falta de decência
e de decoro
muita falta de clarezas e definições
para arrancar o coração do poste
muita sombra que dança
nas alterações

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