Thursday, December 21, 2006

MARKO ANDRADE III



Um Negro Corpo

Nas margens
Dos lados
Um corpo negro esquecido esta
O rio segue
A estrada passa
A cidade cresce
Esquecido esta um negro corpo
Coreógrafos de um oco
Pastos em passos dos loucos
Trilhas caminhos do torto
Negro um corpo esquecido esta
O aço corta o frio
A noite um canto ninho
Um navio esguio linho
Esta um corpo negro
Costuras agulhas vivas tumbas
Febre saudade funda
Um morto em osso retumba
Um negro esta
Argila em vão continente
Artesanal em tom de gente
Surra menino chicote e serpente
Um esquecido esta
Frio imóvel numa tangente
Inútil pedra semente
Um morto um furo um poço
Toda sã mente


Festa dos Reis

Eu quero é bois de rodas e reis
Giros da saias das moças
Gentes de pés no chão.
A Palavra vibrando solta rouca na voz
O barro socado no sol vermelho dos maracatus
Fazendo a festa nas ruas dos mundos
A luz serpenteando lambadas de poesia e fé.
Erguem-se castelos em rezas e movimentos,
Ervas e histórias, retalhos e costuras,
Estampas e bandeiras.
Tudo é festa por dentro
E o tempo fica preso no ar
Então vamos cantar meninos!
Pois temos uma farta mesa coração


MARKO ANDRADE

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