Monday, November 13, 2006

Metamorfose solta




Metamorfose solta

pobres vegetais de apartamento de raízes limitadas pelo fundo do vaso.

pobres passarinhos adestrados encarcerados num mundo pequeno sem nem um pedaço do céu.

pobres dos moradores da Barra da Tijuca cercados pelas grades de seus medos condomínicos.

pobres acadêmicotécnoletrados, de galhos podados pelo gramático jardineiro.

tadinhas das palavras de dentro do dicionário todas encostadas no muro tomando dura da polícia.

pobres dos cárceres da convicção e coitadas de todas as certezas.

dá dó dos detidos pela Colônia Penal da Realidade.

que pena dos algemados pela lucidez, escondendo a loucura por debaixo do tapete da moral.

negando a doideira como quem nega a morte.

coitados dos que cabem numa identidade, dos que cabem numa cidade, num país, num mundo!

que pena dos oprimidos pelo amor!

a existência é um mucado de nada despejado no meio de tudo...

mas se você me influenciar meu bem

eu posso virar a casaca

o mundo muda mudo o mundo muda muito rápido

e daqui há um segundo

eu posso até falar tudo isso

ao contrário.

dudu

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